segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Alone I break.

Eu me sinto tão sozinha, tão sozinha, tão sozinha.
E me acho tão egoísta, tão egoísta, tão egoísta.
Eu sinto falta de alguém com quem sair pra conversar, pras poder reclamar, quando na verdade eu não deveria reclamar.
Digo, eu tenho tanta sorte de ter meus filhos, que eu queria tanto, de ter passado num concurso público numa empresa que me proporciona tantos benefícios, e ainda me proporcionou um crescimento pessoal e profissional que tem me feito muito bem, e ainda ter um companheiro tão participativo e compreensivo, pai igualmente participativo e compreensivo.
 
E no entanto eu bem me cego pra tudo isso, e sinto falta de viver um pouco pra mim, porque apesar destas conquistas todas maravilhosas, a vida nem sempre é um mar de rosas, não é?
E parece um absurdo eu querer "reclamar", mas eu queria, ainda que fosse pra me dizerem que eu não tenho o direito, que eu não enxergo tudo de maravilhoso que eu construí e conquistei.
Enfim, eu sou horrível, egoísta e rasa, mas me sinto sozinha e escanteada no mais das vezes.
Porque essas conquistas todas me requisitaram sacrifícios. Pessoais, físicos, materiais, sociais, psíquicos...
 
Porque eu não estou resolvida com grande parte destes sacrifícios, destas escolhas, porque acho que algumas delas foram maiores e mais pesarosas do que eu pretendia, porque talvez eu não estivesse de fato preparada para todas elas.
Talvez eu tenha cortado raízes muito cedo, essa sempre foi minhas maior queixa. Ter deixado para trás o que eu imaginei que viveria para viver o que eu não conhecia num novo lugar.
E daí não recuperei o que vivo ou viveria lá atrás e nem criei algo novo para viver aqui.
 
Minhas amizades não são minhas, são heranças ou desdobramentos de laços que não fui eu quem criou ou cultivou.
E eu nunca me senti de fato aceita, acolhida ou compreendida. Sempre uma estranha no ninho e sempre cobrada a me adaptar.
E agora depois de tantos anos me sinto como que num limbo, sem ver uma saída para cá e sem poder recuperar o que foi perdido lá atrás.
Sem saída, sem identificação, sem rumo, sem espelho, errada, errada, errada, sempre errada.
Errada ao falar, errada em reclamar, errada no pensar e me expressar.
 
Uma falha predestinada.
 
(escrito originalmente em 10/09/2016)

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